Páginas

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Tarsila do Amaral - Entrevista 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922 ( RTC, 1972)


Autores e Obras do Modernismo no Brasil


 

Cassiano Ricardo (1895-1974)

Cassiano Ricardo Leite, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos, SP, em 1895 e morreu no Rio de Janeiro em 1974. Tendo participado do movimento modernista e de grupos que se lhe sucederam, Cassiano Ricardo soube aproveitar como poucos o Indianismo, uma das influências do momento, tomando-o como base de uma autenticidade americana. ‘Martim Cererê’, seu livro mais conhecido, traduzido para muitos idiomas e ilustrado por Di Cavalcanti, se fundamenta no mito tupi do Saci-Pererê, manifestando uma conciliação das três raças formadoras da cultura nacional, a indígena, a africana e a portuguesa. Mesclando essas três fontes lingüísticas, ele elabora o que foi chamado de "mito do Brasil - menino".

 Modernista e primitiva a um só tempo, brasileira sem ser nacionalista, sua estrutura lembra alguns elementos da história em quadrinho e dos filmes de animação, prenunciando a pop art. Além de ter escrito esse livro clássico da literatura brasileira, Cassiano Ricardo manteve, até o fim de sua vida, uma pesquisa poética experimental e independente, acompanhando de perto os novos movimentos de vanguarda, sobre os quais escreveu. Seu último livro, 50 anos após o de estréia, exemplifica essa constante inquietação.

                                                  Obras



Ø  Dentro da Noite (1915).

Ø  Vamos Caçar Papagaios (1926).

Ø  Borrões de Verde e Amarelo (1926).

Ø  Martim Cererê (1928).

Ø  O Sangue das Horas (1943).

Ø  Um Dia Depois do Outro (1947).

Ø  Poemas Murais (1950).

Ø  A Face Perdida (1950).

Ø  O Arranha-Céu de Vidro (1956).

Ø  Poesias Completas (1957).

Ø  22 e A Poesia de Hoje (1962).

Ø  Algumas Reflexões sobre Poética de Vanguarda (1964).

Ø  Jeremias Sem-Chorar (1964).

     

 

Guilherme de Almeida (1890-1969)

Guilherme de Andrade e Almeida (Campinas SP 1890 - São Paulo SP 1969). Poeta, ensaísta, tradutor e jornalista. Forma-se em direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1912. Publica seu primeiro livro, Nós, em 1917. No ano de 1922, participa da Semana de Arte Moderna e da fundação da revista modernista Klaxon. Entra, em 1928, para a Academia Paulista de Letras e, dois anos depois, é eleito para a Academia Brasileira de Letras - ABL. Em 1931, torna-se co-proprietário dos jornais paulistas Folha da Noite e Folha da Manhã, em que mantém a coluna Sombra Amiga até 1945. Participa da Revolução Constitucionalista de 1932, o que o leva a se exilar por oito meses em Portugal.

 Depois de ser apresentado, em São Paulo, ao cônsul japonês Kozo Ichige, Almeida conhece o haicai (forma clássica de poesia japonesa) e começa a utilizar essa estrutura em suas criações, desenvolvendo uma fórmula própria na língua portuguesa e a inclui em seu artigo Meus Haicais, de 1937. Em 1949, ao lado do produtor de teatro Franco Zampari (1898 - 1966), é um dos fundadores do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC. Distingue-se também como heraldista - especialista no estudo de brasões -, o que lhe rende convites e o leva a produzir, entre outros, o brasão de armas da cidade de São Paulo. Sua obra é de tendência classicista, e mesmo nos momentos em que está mais próximo dos adeptos do modernismo, jamais adere inteiramente aos preceitos dessa escola. Algum tempo após os eventos da Semana de 22, retoma os aspectos e formas originais de sua lírica, ligados aos modelos exaltados na poesia simbolista e parnasiana. Como tradutor, verte para o português obras do escritor, poeta e músico indiano Rabindranath Tagore (1861 - 1941), dos escritores franceses Charles Baudelaire (1821 - 1867), Paul Verlaine (1844 - 1896) e Jean-Paul Sartre (1905 - 1980).


Manuel Bandeira (1886-1968)

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, em 19 de abril de 1886. Aos 4 anos mudou-se com o pai e com a mãe para o Sudeste, onde moraram no Rio de Janeiro e em Santos. Aos 6 anos voltou para a cidade natal ficando por 4 anos e retornou para o Rio de Janeiro.

Segundo ele, esses foram os quatro anos mais importantes de sua vida. Dessa época estão presentes em sua obra, por exemplo, os empregados da casa de seu avô, as festas populares e até uma moça tomando banho de rio sem roupa, seu "primeiro alumbramento".

Aos 18 anos, estudando arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo, descobriu que tinha tuberculose, então incurável. Ele abandonou o curso e procurou se tratar em várias serras brasileiras. Em 1913, foi para o sanatório de Clavel, na Suíça, onde fez amizade com o poeta francês Paul Élvard.

 

Um ano depois, por causa do início da Primeira Guerra Mundial, Bandeira retornou ao Brasil. Antes, porém, seu médico lhe disse que tinha lesões teoricamente incompatíveis com a vida, mas que os sintomas não correspondiam às lesões. Por isso, ele poderia viver cinco, dez, quinze anos...

"Continuei esperando a morte para qualquer momento, vivendo sempre como que provisoriamente".

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Obra
Poesia: A Cinza das Horas (1917); Carnaval (1919); O Ritmo Dissoluto (1924); Libertinagem (1930); Estrela da Manhã (1936); Lira dos cinquent'anos (1940); Belo, Belo (1948); Mafuá do Malungo (1954); Estrela da Tarde (1963); Estrela da vida inteira, incluindo todas essas obras, é de 1966 e foi lançada para comemorar os 80 anos do poeta.




 

Mário de Andrade (1893-1945)


Mário Raul de Moraes Andrade (São Paulo SP 1893 - idem 1945). Poeta, cronista e romancista, crítico de literatura e de arte, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro, fotógrafo. Conclui o curso de piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 1917. Nesse ano, sob o pseudônimo de Mário Sobral, publica seu primeiro livro de versos, Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema. Conhece Oswald de Andrade (1890 - 1954) e assiste à exposição modernista da pintora Anita Malfatti (1889 - 1964).

            Em 1918, escreve em A Gazeta como crítico de música e no ano seguinte colabora em A Cigarra, O Echo e continua em A Gazeta. Trabalha assiduamente na revista paulista Papel e Tinta em 1920. Nessa época freqüenta o estúdio do escultor Victor Brecheret (1894 - 1955), de quem compra um exemplar do bronze Cabeça de Cristo. Em 1921, escreve para o Jornal do Comércio a série Mestres do Passado, contra o parnasianismo e colabora com a revista Klaxon, em 1922. Integra o Grupo dos Cinco com Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Anita Malfatti, Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti del Picchia (1892 - 1988).

Além do romance Macunaíma (1930), publicou também poemas nos livros Paulicéia Desvairada (1922), Losango Cáqui (1926), Clã do Jabuti (1927),Remate de Males (1930), Poesias (1941), Lira Paulistana (1946) e O Carro da Miséria (1946).

 


OSWALD DE ANDRADE (1890 – 1954) 

Blog de poesiamodernista :Poesia Modernista, OSWALD DE ANDRADE (1890 – 1954)
Oswald de Andrade poeta, romancista e dramaturgo, nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890. Filho de família rica estuda na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, em 1912, viaja para a Europa. Em Paris, entra em contato com o Futurismo e com a boemia estudantil.
            Em 1926, Oswald casa-se com a Tarsila do Amaral e os dois tornam-se o casal mais importante das artes brasileiras. Apelidados carinhosamente por Mário de Andrade como "Tarsiwald", o casal funda, dois anos depois, o Movimento Antropófago e a Revista de Antropofagia, originários do Manifesto Antropófago. A principal proposta desse Movimento era que o Brasil devorasse a cultura estrangeira e criasse uma cultura revolucionária própria.
MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL
O manifesto da poesia Pau-Brasil foi escrito, em Paris, por Oswald de Andrade e publicado, pela primeira vez, na edição de 18 de março de 1924 do jornal do "Correio da manhã". No ano seguinte, após algumas alterações, o Manifesto abria o livro de poesias “Pau-Brasil” de Oswald de Andrade.
 Confira abaixo uma parte do manifesto:
A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.           
Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.
O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram. (...)

Poesias

Mário de Andrade 

Blog de poesiamodernista :Poesia Modernista, Mário de Andrade
Mário de Andrade (09/10/1893 - 25/02/1945) nasceu em São Paulo. Foi poeta, romancista, crítico de arte é considerado o escritor mais nacionalista e múltiplo dos brasileiros.Pauliceia Desvairada foi publicado em 1922, é a primeira obra de vanguarda literária do país. No poema ele analisa a cidade de São Paulo e seus elementos: sociedade, burguesia, Rio Tietê, Avenida Paulista. Esta obra de Mário de Andrade continua sendo inquietante e ousada. O poema  Ode ao burguês possui um tom de discurso e tem como finalidade ridicularizar a figura do burguês em um tom agressivo.
Ode ao burguês
Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
_ Um colar... _ Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...


Poesias

Soneto de Separação
Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante 
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
  Este poema é um dos mais populares escrito por Vinicius de Moraes, e através desse soneto ele conseguiu passar seus sentimentos e transmitir emoção. Este soneto pertence a segunda fase de seu trabalho, em que o poeta enxerga de modo particular seu sentimento amoroso. Fala sobre a separação de um casal, mas pode significar também separação de amigos familiares. Mostra como podemos mudar nossos sentimentos de repente, pois somos seres sujeitos a mudança de comportamento.
  O soneto é decassílabo com rimas alternadas e emparelhadas. Vinicuis de Moares em prega um único tempo: o pretérito perfeito no modo indicativo, representado pelo verbo fazer (fez/desfez). Podemos fazer uma relação entre o tempo verbal e o tema do soneto, que o fato (separação) já o correu e portanto é uma ação acabada.
A antítese é uma figura de linguagem bem marcante em todo o soneto. "...do riso fez-se o pranto"

Críticas da Artista Tarsila do Amaral

 Crítica da Artista
           
A artista plástica Tarsila do Amaral tem um estilo próprio e diferente de todos. Os quadros dela representam o dia-a-dia dos trabalhadores brasileiros, e paisagens de vilas.
Tarsila do Amaral também foi uma artista brasileira que integrou em suas obras técnicas modernistas.
Em suas obras, o que revolucionou foi a forma de expressão diferente das técnicas acadêmicas. Tarsila representava não só o que ela pensava, ou via pois colocava seus sentimentos em primeiro plano.
Ela criou seu primeiro quadro “Sagrado Coração de Jesus” aos 16 anos, o que representava um talento nato.    
Seu primeiro quadro, por exemplo, usa formas mais arredondadas e cores vivas, e diversificadas.
Essa mistura de cores foi preservada ate o fim de sua carreira arrisca por causa de sua morte.
Conclusão: Tarsila do Amaral foi uma artista plástica que revolucionou as técnicas acadêmicas de sua época e que ira inspirar muitos outros artistas futuros.

Principais Obras de Tarsila do Amaral





Abaporu de 1928

Auto Retrato da Tasila do Amaral de 1923

O Mamoeiro de 1925

A Feira de 1924

Operários de 1933

Palmeiras de 1925

Urutu de 1928