Soneto de Separação
Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Este poema é um dos mais populares escrito por Vinicius de Moraes, e através desse soneto ele conseguiu passar seus sentimentos e transmitir emoção. Este soneto pertence a segunda fase de seu trabalho, em que o poeta enxerga de modo particular seu sentimento amoroso. Fala sobre a separação de um casal, mas pode significar também separação de amigos familiares. Mostra como podemos mudar nossos sentimentos de repente, pois somos seres sujeitos a mudança de comportamento.
O soneto é decassílabo com rimas alternadas e emparelhadas. Vinicuis de Moares em prega um único tempo: o pretérito perfeito no modo indicativo, representado pelo verbo fazer (fez/desfez). Podemos fazer uma relação entre o tempo verbal e o tema do soneto, que o fato (separação) já o correu e portanto é uma ação acabada.
A antítese é uma figura de linguagem bem marcante em todo o soneto. "...do riso fez-se o pranto"
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