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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

1922 – A semana que não terminou, do jornalista Marcos Augusto Gonçalves, busca narrar o antes, durante e depois da semana com os devidos pingos nos is que a história se esquece de escrever. E o período é cheio de contradições, de ambiguidades. Como o desejo vigente de investir na cultura brasileira enquanto os filhos dos homens ricos saíam do país para estudar; como a vontade de romper com os valores do passado por meio de um evento modernista patrocinado pelos velhos barões do café; como a suposta quebra de padrões artísticos nacionais quando, na verdade, eles já estavam em curso.

ENTREVISTA COM MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

1) O livro põe fim em algumas lacunas a respeito da Semana de Arte Moderna. São ambiguidades às quais, até hoje, não havíamos dado importância. Ficamos com o mito e nos esquecemos da realidade. Quais os pontos mais significativos que separam o mito da realidade da Semana de Arte Moderna de 1922?

Diria que a Semana não foi tão moderna quanto se costuma imaginar, que não inaugurou o modernismo, já que havia manifestações de cunho renovador anteriores. Também não deveria ser considerada como demonstração de que São Paulo estava à frente de outras cidades em termos de modernidade.

2) Se os valores modernistas já estavam em curso, devemos pontuar a Semana como um marco cultural no país?

Sim, ela foi concebida para ser um marco e, de fato, se tornou um. Um marco é uma convenção, um ponto de referência. E isso a Semana sem dúvida foi e continua sendo. Artistas que ali se apresentaram entraram efetivamente para a história da arte e da cultura brasileiras.
3) Como o senhor percebe a influência da Semana hoje em dia?


A Semana, ou melhor, o movimento modernista, nos deixou um legado de liberdade estética, de pesquisa, de ampliação dos horizontes da arte. Isso ocorreu no mundo todo. E nos deixou também a ideia seminal da antropofagia, do processamento de uma arte que fosse ao mesmo tempo brasileira e internacional.

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